domingo, 18 de outubro de 2009

Invasão Barbara



No covil do lobo,
o Bárbaro sou Eu: comedor de borboletas e batatas.
Comedor de lobos no monte Sião.
Pregando os fractais,
a relatividade de Aisten
cheirando bosta.
E na invisibilidade de Deus,
imovel,
construindo téias: Teologia do fenômeno,
Destruindo o ego,
construindo aranhas.
O Bárbaro sou Eu!
Olhando filetes de água do velho Chico,
nos redemoinhos do gramulhão,
da palavra torta,
do adeus a Barbara, Marina, Neusa
que lavam roupas na margem do tempo - espaço.
Bandeiras do surealismo da língua,
barbarismo desse pingador de cores.
Nas ramagens e essencias, nas folhas das rosas,
estão sapatos floridos.
Retratos do passado nas covas dos filtros.
Sentinelas...
Sentinelas escutam no fundo do mundo o ladrar dos cães.
Fazem concílios,
enterram meu coração num espeto.
A esperança é um inseto que deixou de voar.
No covil do lobo o Bárbaro sou Eu.
Quarta - Vereda
Nublou nesse lado norte da
terceira vereda. Encima das copas cai
pingos de açucar que cristalizam
o chão maneta.
Do outro lado da encosta
Chove,
Chuva fina, melando o lôdo do dia.
No céu pirilampos, luzindo,
dita cores ao ar.
No caminho da cidade, meninos
turvos, jogam bolas quadradas. Alatéia!
Alatéia! um grego passou
pela quarta vereda.
Espaços são contruidos,
luas morrem,
caes são percusos dos homens.
Na quarta vereda não há construções,
o lixo não se acumula
Bambus se vergam ao sul,
e o pensamento, argamassa
do sonho, mora ao lado do ente.
Dentro do Eu na noite morna.
O que eu faço do meu deserto,
desfolhados na noite vespeira e morna.
Calco nos vôos das corujas que
vigiam os paralelepípedos do lusco-fusco, Silibí
e artéria da noite. Deserto de outros, comuns,
carregadores de ossos, defuntos,
no vento frio da madrugada.
Homens e ratos, percevejos
das camas; homens e felinos.
Trombetas, toque sereno, suave pedalar da vida.
Gritos! Gritos...
Devoram o canavial do cerebro!
Arrancam raizes do corpo!
Desfraldam simbolos do silêncio na bigorna,
Lubrificam deuses.
Ladram debaixo das oitisicas.
Ladram! Ladram...
O eco reluz na distância,
na luz transparente do espaço.
A noite vai afogando meu saara
no sono fino do vicio.
Fumo pensando em flor de araçá.
Entorpece o esqueleto, outro rio irá
correr vadio na noite morna.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Os fanáticos


















A tribo dos loucos varre a rua com ritus,
cantam réquiem antigos, faustianos,
veneram a morte.
Perderam o sentido da beleza,
conduzem seu bonde pelos caminhos dos outros,
riem dos outros.
Acreditam na eternidade,
valorizam o passado,
pedem perdão,
humildemente choram.
Enquanto a águia risca o céu no filamento,
nos pontos de cores, numa guerra constante
com o ar laminado.
Em lâminas as estátuas cortam o tempo,
colosso do interno, do profundo, do inútil.
Enterrado no coração da terra, no intimo
dos ossos, oferenda ao deus do medo,
da estúpida covardia. É como um átomo sem direção.
_ Homem, cadê o fogo da alma!
Não há alma! Não há alma.
_ Homem aonde esconde a vida?
No mito! Perde a vida: sua construção
consome o gás das estrelas.
Eles alimentam os filhotes, gaturamos
da próxima cria
e depois vomitam vidros coloridos.
Nuances! Nuances!
Amansam os lobos do espírito
pois a nebulosa tanje cada pedaço
dos seus corpos
imitam os gregos e profanam épicos cantos gregorianos.
Absalão! Absalão!
Levantam os braços como Moisés
esperando que o mar vermelho
infiltram pelos seus estômagos poluidos.
Aleluia! Aleluia!
E nesse jogo os fanáticos brincam
no arraial do cérebro.

Carnaval Doméstico.

A relva tricoteia
musgo nos trópicos,
chicoteia o sol.
Fogo morto na queimação do
estômago.
Amargo despertar!
Tenho uma estrela de nêutron no peito.
Enigma da minha vida.
Dentro do corpo
uma estrela de nêutron
que me conduz entre os faróis do tempo.
Vagando solitária
nessa floresta de sangue.
Solitária, tangenciando o espaço,
vagueia a garça no carnaval das nuvens.

Eu e Eu.















Venerável eu desse eu,
Nessa labuta
Conduzindo cores, amores, sonhos
e construções.
Nesse ente cheio de vegetais.
Carnívoro, dentes em cortes.
Brilhando nas anêmonas,
vendo chaminés, gatos, metralhadoras,
relâmpagos e rios.
Eu, perdido num traço de mim.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Construção















1
Tudo acontece de forma mental.
Construir, construir...















2
E o laranjal vai se formando,
medo de mim,
medo de mim,
medo!















3
No colosso das formas,
o laranjal se pigmenta...
laranja, amarelo, laranja.
Outono do ego,
varre em moleculas de cor,
Outono sem laranjas.















4
Os cromatismos
muda o mundo,
do corpo e da alma.















5
Puxe o meu barco.
O barco da aliança,
o mistico, o mito grego,
o barco dos homens.
Traz a imensidão,
a ansiedade, o trabalho.
O barco amarelo-ouro da tarde.
















6
E na sombra da floresta
miope, construir, construir,
construiram em mim.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A leveza do ser


Levita minha deusa Afrodite,
canta cada pedaço desse balneário imaginário,
desse sonho colorido.
Não me deixe morrer entre as nuvens vendo-a cair.
Caia nos meus braços,
nos meus...
Encante a marinha,
minha vida.
Arranque desse moinho a paisagem,
gira, gira como o planeta,
acalme minha alma barranqueira,
pesque minha alma
no burrinho pedrês,
na tarde quente dos amarelos alaranjados.
Pesque!
Na mulher que observa
no homem indiferente que passa entre os chalés,
levanta esse cansaço
alivia essa dor.
Dor do mundo, das aranhas.
Faça as distâncias parecerem milimétricas.
Carregue esse Dom Quixote,
no azul celeste.
Marinheiro sem barco,
professor sem alunos,
perdido na luz cromática,
no corpo sem carne,
com a história na muringa,
bebendo chuvas, trovoadas,
passáros e cavernas,
na solidão profunda
apaixonada da minerva
e assim vai, vinte telas
e muitas canções desesperadas.

sábado, 25 de julho de 2009

Nos caminhos de Marla


Como pode ser sempre indiferente,
Indiferente!
Como pode ser sempre infeliz
se a natureza te prega, cola.
Como pode ser indiferente se
tudo está presente,
formas estão no seu íntimo,
na sua forma.
Cada ser é uma presença
constante e visual.
Corpo envelhecido pela corroção.
Corpo envelhecido pelo amor.
Como estar presente se a distancia
é quilomêtrica.
Palavras são cuniformes,
estão presentes.
Aniversários vão e camuflam,
vidas ficam pelos traços.
Como pode ser humano se não há humanos.
Amebas de luas.
Amebas de palavras.
Como pode ser criado se a cria
é do criador.
Pão, pai, pai!
Como pode ser indiferente quando
explode natureza nos caminhos de Marla.

sábado, 27 de junho de 2009

A rua II


Naquele mundo suburbano só há anjos e demonios,
caminhando nas espadas e nos filamentos da alma.
Naquele fim de mundo onde Deus esqueçeu a bola
e os meninos, a rua é uma cobra se espichando
nos pigmentos de plasma.
Onde Deus esqueçeu as mulheres
a rua amarela é um dragão de comodo.
Deixem Utrillo passar!
Deixem Ivan passar com cavaletes, pinceis e tintas
naquela rua das deformações, das trombetas,
na infancia inchada do cérebro.
Deixem Munch passar, pois o tempo devora.
O tempo da matéria devora.
Não esqueçam de levar arco-iris, sonhos,
Guimarães Rosa, Sertões e Veredas.
Deixem Quintana dedilhar versos em arpas imaginárias.
Deixem Gullar, Lorca, Baudelaire, Pirandelli, incharem a rua,
a rua sem peso.
Não esqueçam de levar cantos gregorianos, boleros, óperas,
Valsas, Luciano Pavarotti e a cachaça.
Enfim, entretando, entre tantos na viscosidade pegajosa da tarde,
ver a construção de um novo rumo aos caminhos das lesmas.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Desvelamento.


A águia pousou no cercado da imaginação.
Silênciosa observa a ribalta, com olhos
ossificados, ciente da angústia e do desprezo
pelos homens.
A águia pousou na árvore morta com corpo
de homem, deixando para traz restos de
sombra no azul cobalto da tarde.
A águia pousou no tronco morto para
apreciar a ventania dos homens coxos,
dos relogios mentais, do irmão querido,
Osvaldo em águia.
A águia pousou em oníssono no coração
lusitano do bardo.
Nua, despojada do homem, penetrando
cada centimetro no espaço das grandes
formas, conduzindo uma sinfonia de vida.
A águia pousou no interior da mente e da alma.
E em cada vão, na sangria da terra, nos riscos que
infiltrão, penetram nas fissuras pequenos
ossos e um assobiar de passáros.
O movimento acelera, no céu em caldas
acelera no céu em lama,
em lágrimas para retornar retilíneo
na águia que fixa, passiva, espera a
próxima presa.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Auto - Retrato.


Nos dias da minha mãe
a rua era uma pista de corrida e a lua
brilhava, estacionada na abóbada da noite.
Enquanto rios, oceanos voavam nas fragatas,
eu em transe pintava na foligem do tempo.
Minha mãe cantava no quintal, lavando roupas
e as cores do pincel molhavam a crista do sol.
Amanheceu! Lenta manhã.
Pintassilgos, canarinhos chapinhas e bem-ti-vis
explodiam no ar carregando o calvário dos olhos.
Tão lindos!
Minha mãe, libélula dessa manhã cantava, no tempo,
dentro dessa alma mineira, sertaneja.
Cantava alegrando o corpo, a casa, os passárinhos.
Dias que se foram repletos de estrelas,
repletos de Ivans, de mães.
Dias em que o espaço eternizou-se nos neurônios
( uma gaiola de neutrôns ).
Prendeu-se nos fragmentos de particulas do cosmo.
Fez preencher buracos de protons no coração.
Contruidas, preenchidas no auto-retrato do meu édipo.
Hoje minha mãe não canta mais ( o vento levou os alegretos ).
Hoje estou no silêncio do passar da aurora.
O relógio derreteu-se nos dedos,
A ampulheta quebrou-se uivando no ar.
Milhões de matérias espalharam-se no findar
do corpo de baile.

sábado, 11 de abril de 2009

A ultima Guerra.


As cruzadas, as guerras púnicas, as revoluções, o homem chacal do homem. O rato? Mas o homem. Poluidores, destruidores, animal sem raça. É o que levanta o ego primitivo e descobre somente o seu fracasso. O devorador e o vil metal entre a forca a lâmina e a cruz. Não nascemos fomos impulsionados para o devir. Nossa natureza é castradora, matamos nossos filhos. Estamos esperando sempre a catastrofe, matamos nossos pais. Esse é o nosso fim. Todas as fogueiras irão nos consumir, bilhões de profetas traçaram a teia, o vôo, a sombra. O mito e o místico nos conduzem para o porvir. Enquanto no final da tarde, devidamente em sangue, espero, consiente nessa vida fragil, no alpendre da minha casa, o anuncio da nossa extinção.
DEPOIMENTO: Vivemos sobre o efeito da brevidade. Ventos breves, biologias breves, mariposas das chuvas breve. Guerras breves, mazelas. Brigamos por tão pouco: dinheiro, vaidade, avareza. O que construimos entre a fraternidade é uma quintanda de verduras podre, escassa, perene. O que olhamos do mundo quase se perdem pelos desejos: tantos, constantes, insistentes. O que eu quero minha irmã é compreender o mundo, suas estações, seu pássaros, suas canções, minhas filhas, você. Essa rotina mortal que sufoca, moi a matéria, deixa sempre um gosto de solidão e desconforto na vida. Queremos construir e destruirmos. Queremos! Penso em você, penso, trafego, contorço de dor, mas sei que a cada dia milhões de andorinhas farão ninho na sua alma.

Inacabado. ( O Grito )




















Na sombra ácida do dia perdi a cor. Meus olhos so vêem o negror do dia. Foi-se as horas, os momentos findam na velocidade da luz. Como um pardal percorro as estações. Sou um príncipe sem coroa, sou um monge sem batina na eterna espera pelos ventos da Aurora. No anoitecer das córneas o tempo é um corrossel sem dono. E a foice da morte sempre bate na madrugada fria que os ossos sugam como mel. Assim perdi no barro meu frescor da juventude. Perdi nas ervas e na ultima das guerras a sociedade dos Gribel.
Gritos são inventados como as andorinhas. Gafanhotos são reais, inseto do encalto medo. Larvas estão no corpo, na espera do desfazer da carne. Gafanhotos formam enchames e clarões no grito pois compõe o espectro do pavor da morte. Bezouros e vagalumes são insetos que carregamos nas tardes quentes e as mariposas em vôos desageitados no mormaso do mármore. Branco dia, vermelho dia. Dias que não mais espelharão na máteria verde do mundo.

Absintos.
Absinto, é o que falta para aturar a vida, o homem, o tempo no buraco de minhocas.
Absinto! Absinto!
Cervejas no céu para aturar o mundo dos meninos de escola.
Muita; e na embriaguez sonhar com campos limpos e teoremas eternos.
Vodka para irritar o deus Baco que caminha torpe numa fila de formigas.
51 para entrar no espaço de salvador Dali, em cantos e lâminas, depois me perder
entre labirintos Breton.
Enquanto disperto da álcoolidade e a lucidez perde seu comboio
a sede risca um deserto de desejos com mente hortelã e cheiro adocicado
fluindo na lamacenta manhã
limão, doce ácido, terminal do paladar, em nécta,
na dança do corpo que conduz eletricidade, potencia para deixar entrar entre
as frestas um homem nu, despojado da razão na espera ínfima no buraco de
minhocas...
E ser, assim mesmo, obscurissimo animal.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Masai Mara


Este mundo africano, na savana de Masai Mara, leões, hienas, búfalos, leopardos, chitas, chipanzes, estão na cortina das cores. Estão na cortina das cores, guinus, zebras, elefantes, gorilas, gazelas de thompson, javalis, crocodilos. Estão atraz, na cortina das cores, banhados em chuvas de amarelo ocre, verde musgo, vermelho carmim, banhados em pigmentos da natureza. Neste mundo africano, montanhas, vales, planaltos misturam-se com fragmentos da vida. A vida explode, ovula, raizes saem da boca africana, fazem trilhas, árvores, coleta. A casa azul e suas frutas. Frutas imaginárias. Veloz o tempo acumula meu dia americano que observa mara, pincela e se perde no seu universo multicor. Este mundo Africano, nas savanas de Masai Mara sou uma mamba cuspedeira, um artista no meio do caos, no big bang das formas.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Sonhos.















Foi ela quem me levou a solidão, serpe da fome, ao sonho anil de ficar desperto, conduzindo um carrossel de desejos entre querubins e alquimistas na floresta das cores. Foi ela quem penetrou em sangue meu corpo, fazendo dele escravo, prisioneiro, estrangeiro. E este bardo sem rumo, construiu um castelo cromático para vê-la flutuar no algodão da memória. Para vê-la atravessar o rio Jordão, o rio da minha vida, em flash torná-se impenetravel, no fluir volumoso da quimera. Levitando atravessa meu superego e traz em seu bojo um universo de canções, frutas, pássaros. Torna-se a luz condutora que carrega um buquê de prazeres entre flores grises boninas, camelias, margariadas, jasmins. Nua como Eva, purificada por Eros e na embriaguês de Baco torna-se a única no fluir caudaloso, destilado das estações.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Charcos e Veredas.


Charcos! Ventos leves, modo de tecer a luz da tarde. Moinhos invisiveis, feto, limo, terra e sol. Caminhos que manavam pedaços de seixos, tronco, corte lâminado, charco, campina e roça. Água construtora, livre espaço dos ventres, dentro, filtro nas entranhas das veredas. Entre o corpo e a casa, no descanso neste mundo irreal. Rio e lamaçal, gias, levante de cores riscando os coqueiros, banhando cada folha do bosque com troncos esfarelados e pássaros imaginarios, num canto constante, ininterrupto dividindo moléculas por moléculas. Compondo em compaço uma imagem que volta para os monólogos, formando um espectro dos animais, charcos, veredas no extremo trópico da minha vida.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A luta.


A luta, despojos de guerra, guerra santa, cristal negro, no corte lâminado dos projetos. A luta primitiva, descoberta, em estado de bronze. Estátua que compõem a natureza mutante. Abrindo as degoladas vozes, no silêncio, no sangrar da alma, passando lenta, lenta em cada pedaço de vidro e desfolhando o olhar amarelo do dia.

Pedras na estrela da tarde

Entre pedras e ruas somente pedras rolam para o encontro das poças, dos charcos, pedras que se transformam em seixos na rua do ermitão. Entre tabocas, raias e pipas, roio roça a parede da casa. Casa com aspecto de castelo medieval. O choro dos seixos, perdidos no cascalho molhados por lágrimas, sangue, lamina que reluz na tarde fria. Agora não resta foligem, ferrugem, passeio, sorvete, absintos, camélias e canções. No fundo desse mundo só há lagrimas que caem nas pedras entre margaridas tristes. A espiga do milho cravou dentes de Picasso nos olhos das pedras. E entre seixos e ruas a solidão ganhou o mar profundo no corpo do ermitão. Minerais, cavalos marinhos, estrelas, traço de giz riscando a louça e na ribalta um grito de ademanes anuncia com dor a morte das anêmonas na estrela da tarde.

América.



Fósseis, cárceres e lume do país dos ossos. Vertendo o dia, voraz fachos de luz, cortando o azeite fino da América. Traço sinfônico das lágrimas, desfazendo-se em fímbria tonalidade, dos arquitetos, dos engenheiros, dos urubus. E na imobilidade da vida, o soar do sino da terra brasileira. Clamando por ti, por mim e pelos miseráveis. Cortejo de luto desmedido e o cheiro, esse cheiro veloz dos trópicos penetrando na imensidão dos ossos.
Sirene
Não é Irene
É pavlov ao longe
Ciscando a mente.
Não é Irene que passa faceira
Nos dias quentes das margaridas.
É a sirene dos escravos, dos homens máquinas.
Ecooa como trovão maltratando o tempo,
Repetidamente vooa pelos ares saturado de maritacas,
Mangueiras, fruta-do- conde, carambolas, mangabas, cajú.
Não é Irene que passa faceira nos dias quentes das mariposas
É a sirene dos infernos
Podando a liberdade, viciando os minutos
dispondo o corpo a tortura, a morte e a dor.
Não é Irene que passa faceira, nos dias quentes das papoulas.
Não! não é Mara, Ana, Marianna que esquentam a vida,
dá sentido aos objetos, a casa.
É um bicho sibilante corrompendo,
Moendo, tirando cada fragmento do corpo,
Despedaçando no horizonte a música, a arte.
Fazendo guerra, empoerando o ar,
Construindo cemitérios, relógios.
Enterrando lobos e ovelhas,
Na América dos ossos...
Depois
Dispõem as frutas,
Comem as frutas,
mastigam as folhas de coca.
Elas estão em Irene,
em Mara, no suco, na travessa,
no findar do dia.
Olhem os campos
são distantes e estão em Ana.
Olhem as florestas são proximas
e estão em Marianna.
Olhem as Horas estão lacáias
em lâminas.
Escutem os choros das crianças
elas estão em mim e nas pombas.
Não é Irene é pavlov ciscando a mente.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Os amantes.


Fissuras do amor, condutores de desperdicios.
Este monstro do engano que infiltra no outro criando a imagem da Madona, transformando a beleza em consumo, libélulas em joios, corroendo meu gerundio. Não! não se pode esperar da amante o que se perdeu na amada: ribaltas, músicas, cores, amores e lâminas.

Espessura.

Espesso como ferro, rocha, àtomos agrupados nos pedregulhos,
nas paredes, em pequenos cortes do espaço, do tronco, do silício.
Fósforo, potácio e pólvora espesso como fogo. E ladeando os extremos, as casas das bruxas, dos tiranos, dos que passaram sem perceber,
riscando as nuvens em zinco no circulo torpe dos minerais.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A rua.


A rua pigmentada em estado de pó, não o pó bíblico, mas a dos olhos da alma desvelada. Camponês da tarde que se evapora na ansiedade do cavaleiro, essa busca incessante do outro, do espelho, do cosmo que se esvai em chuva de formas multicores, que se espalha na rua.

O ser e o nada.


Quem sou eu?
Sou aquele que carrega os trigais, as Auroras, os rios, os pássaros, as cores, os espaços da fragmentação do ser.
E para onde vou?
Vou sem destino, atravessando veredas, campinas, savanas, desertos, caminhando para o nada, essa energia escura, compacta, elementar, uma particula da morte.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Humano, demasiadamente humano.


Meu pai, meu superego, envolvido no mundo dos movimentos, sua sinfonia de cores, como minotauro, descobrindo, revitalizando o labirinto, este comboio de cordas, da vida e dos cromatismos eternos.
Painel
Uns carregam ossos da família
e atravessam a tabacaria tatuados.
Os simbolos dominam a sociedade.
Uns adornam os corpos com belos brasões
e esperam serem vistos por outros.
Os simbolos determinam as castas.
Outros ladrão madrugada adentro
lendo poesia.
Alguns infelizes pintam anjos
buscando compreender sua fragilidade
e domesticação.
Gatos brincam nos telhados.
Roupas se estendem nos varais
dos alpendres: Um corpo infinito,
extenso no varal.
Leis são para serem cumpridas
enquanto existirem lacaios.
A alma é um balão vazio,
pois amores são amoras, rimas, vicios.
Viemos de uma explosão cambriana
para rastejar entre os pares.
Enquanto operarios saem das fabricas
com olhos toscos e famintos por alcool e sexo.
Os simbolos definem os prazeres.
Entretanto há suicidas, megalomaniacos,
paranóicos que esqueçeram as portas entreabertas
para o olhar curioso do bardo.
Que a cada minuto estouram os miolos.
Muitos fazem da religião sua bengala,
medo constante de si mesmo.
E a vida vai,
vai lamacenta morro abaixo,
vai como um rio, contorcendo,
um cão sem pluma.
Vai como um barqueiro solitário,
pescador de homens.
Vai em evolução, líquido mole, líquido duro,
se transformando em pedras.

Campo de Flores.


O tempo, o vento de flores varendo os passos imperceptíveis do caminho, do campo, em reluz, em foco, em sustento, alimento real, fruto perene, no trafegar do meu eu.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A essência precede a existência.


O processo da criação antecipa aleatoriamente a construção da existência, esta construção que compõem o sincretismo da vida e do seu movimento. Assim caminhamos pelo sertão do interior do ser.

Obra: A indústria do Silêncio.

O mundo do silêncio, a indústria esperando a presença da matéria; a matéria ocupando apenas o vazio, o medo, a angústia. Esta maquina morta e inútil.