quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Os fanáticos


















A tribo dos loucos varre a rua com ritus,
cantam réquiem antigos, faustianos,
veneram a morte.
Perderam o sentido da beleza,
conduzem seu bonde pelos caminhos dos outros,
riem dos outros.
Acreditam na eternidade,
valorizam o passado,
pedem perdão,
humildemente choram.
Enquanto a águia risca o céu no filamento,
nos pontos de cores, numa guerra constante
com o ar laminado.
Em lâminas as estátuas cortam o tempo,
colosso do interno, do profundo, do inútil.
Enterrado no coração da terra, no intimo
dos ossos, oferenda ao deus do medo,
da estúpida covardia. É como um átomo sem direção.
_ Homem, cadê o fogo da alma!
Não há alma! Não há alma.
_ Homem aonde esconde a vida?
No mito! Perde a vida: sua construção
consome o gás das estrelas.
Eles alimentam os filhotes, gaturamos
da próxima cria
e depois vomitam vidros coloridos.
Nuances! Nuances!
Amansam os lobos do espírito
pois a nebulosa tanje cada pedaço
dos seus corpos
imitam os gregos e profanam épicos cantos gregorianos.
Absalão! Absalão!
Levantam os braços como Moisés
esperando que o mar vermelho
infiltram pelos seus estômagos poluidos.
Aleluia! Aleluia!
E nesse jogo os fanáticos brincam
no arraial do cérebro.

Carnaval Doméstico.

A relva tricoteia
musgo nos trópicos,
chicoteia o sol.
Fogo morto na queimação do
estômago.
Amargo despertar!
Tenho uma estrela de nêutron no peito.
Enigma da minha vida.
Dentro do corpo
uma estrela de nêutron
que me conduz entre os faróis do tempo.
Vagando solitária
nessa floresta de sangue.
Solitária, tangenciando o espaço,
vagueia a garça no carnaval das nuvens.

Eu e Eu.















Venerável eu desse eu,
Nessa labuta
Conduzindo cores, amores, sonhos
e construções.
Nesse ente cheio de vegetais.
Carnívoro, dentes em cortes.
Brilhando nas anêmonas,
vendo chaminés, gatos, metralhadoras,
relâmpagos e rios.
Eu, perdido num traço de mim.