sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Humano, demasiadamente humano.


Meu pai, meu superego, envolvido no mundo dos movimentos, sua sinfonia de cores, como minotauro, descobrindo, revitalizando o labirinto, este comboio de cordas, da vida e dos cromatismos eternos.
Painel
Uns carregam ossos da família
e atravessam a tabacaria tatuados.
Os simbolos dominam a sociedade.
Uns adornam os corpos com belos brasões
e esperam serem vistos por outros.
Os simbolos determinam as castas.
Outros ladrão madrugada adentro
lendo poesia.
Alguns infelizes pintam anjos
buscando compreender sua fragilidade
e domesticação.
Gatos brincam nos telhados.
Roupas se estendem nos varais
dos alpendres: Um corpo infinito,
extenso no varal.
Leis são para serem cumpridas
enquanto existirem lacaios.
A alma é um balão vazio,
pois amores são amoras, rimas, vicios.
Viemos de uma explosão cambriana
para rastejar entre os pares.
Enquanto operarios saem das fabricas
com olhos toscos e famintos por alcool e sexo.
Os simbolos definem os prazeres.
Entretanto há suicidas, megalomaniacos,
paranóicos que esqueçeram as portas entreabertas
para o olhar curioso do bardo.
Que a cada minuto estouram os miolos.
Muitos fazem da religião sua bengala,
medo constante de si mesmo.
E a vida vai,
vai lamacenta morro abaixo,
vai como um rio, contorcendo,
um cão sem pluma.
Vai como um barqueiro solitário,
pescador de homens.
Vai em evolução, líquido mole, líquido duro,
se transformando em pedras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário