segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

















Meu amado poeta Otto Gribel

Meu nome é Otto Gribel /
cuja cruel onomástica /
cava um buraco negro de tatu no chão /
para fugir para o outro lado da fuga fugaz /

por um Cezar que impera em mim /
desde Roma republicana /

Estou deste lado do mundo /
às vezes ao norte da bússola /
outra sem sul magnético /

ainda outras a barlavento ou sotavento /

para onde soprar o vento na palmeira /
que guardou no tempo o vespeiro /
pelo qual me apaixonei /

ao ver os marimbondos pintalgados de preto e branco /
elegantes e discretos e sobranceiros /
sem medo de ninguém sem de nada /
mesmo indiferentes ao vento tempestuoso /
- a ventania que ulula eivada de lobos-cervais /
Estou em um lado do mundo /
dentro do meu ego inamovível /
que no entanto não é óbice /

para eu estar plantado do outro lado do mundo /

que é em outro ego que não o meu ego /

O outro lado do mundo /
ou o outro lado do meu ego /

vive longe de mim /
léguas a pé de arcanjo com asa quebrada pela bebedeira nocturna /
que trafegou álcool de cerveja por toda a madrugada /
talhada para sono com canto de galo xadrez /

Do outro lado do mundo/
ou do meu ego /

está meu irmão Ivan Gribel /
( Santo Etienne de minha avó! /
- Saint-Etienne, Loire, France ) /

pintando seus quadros /

(amei o castelo a caminho! /
porquanto o castelo me evoca a torre de Babel ) /

Outrossim há outros sete egos /
de mulheres e homens no setentrião /
uns austrais outros boreais /
todos prontos para atravessar o Rubicão da alteridade /
que de fato é ato impossível /
excepto no que há no ato no onírico /
onde o ser humano age como Deus todo-poderoso /
( Meu semblante feminino em Sandra ou Marly Gribel ) /


le com sua vida seu ego e seus poemas /

sendo meu outro eu genético em outro tempo na idade /

e outra terra no espaço /
(não sei se a latitude que ele se risca no mapa /
é mais setentrional ou austral /
sei que a oriente cintila meus pais /
sóis que giram feito girassóis matinais /
antes do despertar do primeiro homem ou menino /
ou mulher ou menina presa ao cordão umbilical do sonho /
que ainda reina na alva em fronha do travesseiro ) /

Além dele tem meu filho Gilson Gribel /
minha filha Ana Luiza Gribel /
(que também têm terra de minha esposa ) /

e um neto que começa a olhar do berço /
num mundo em que ele também está do outro lado /
- centrado no próprio ego /
que o fará ser individual /
mas também nos egos do outro lado do berço /
os quais ele observa no pai e mãe /

terras mais juntas e próximas a ele com água no leite e no mel /
e terras molhadas por chuvas com mariposas e pirilampos e vaga-lumes /
de onde veio o avô e a avó /


Em em sangue corre outros mares /
outras terras vegetam /
conquanto não localize eu suas longitudes no mapa-múndi /
- longitudes de egos ainda que próximos em semente /
e não tão-somente o que está em potência seminal /
( Sem embargo no mapa-terra e no mapa-água /

que meu corpo cartógrafo tracejou /

sei que navego no sangue do mar oceano /
do doce que há nas água de lá /
onde há o que são terras além-mar /

e vegeto no solo de onde vim /
erva hera liana árvore arbusto ) /

Meu neto é planta em outro tempo e outro espaço /
juntando a terra de Adão /
a terra do avô novamente /

minha terra cavando dentro dele /
que traz a semente vegetal /

Nesse ínterim Osvaldo José Gribel /
se acha nas masmorras da inquisição /

no covil do ladrões fanáticos /

na cova dos leões /

( assim como o fez o profeta bíblico Daniel /
varão virtuoso e evidentemente sábio /
porquanto é isso o que significa o escrito sobre este profeta /
no seu sentido real e vital /
- vector em vida temporal e espacial /
não meramente algo abstracto alegórico ou simbólico ) /

a fim de exorcizar a profecia /
e desmascarar a corja que se julga justiceira /
quando a justiça aqui não passa de uma hipocrisia /

que brinca de cabra-cega /

com a súcia que a comanda /

passando pelo comando vermelho /
- que abre a aurora ao rosicler /
despetala e especula o orvalho raiado de sol matinal /
surrealiza salvador Dali /
aqui neste país de debilóides e toscas individualidades /
de foras-da-lei e boçais no poder /
pilotando a estupidez generalizada /
a peste endêmica que grassa /
numa terra sem homens virtuosos /
sem senso de decência ou do ridículo /

aonde a besta prevalece sobre o homem /

e sai célere em perseguição aos quatro cavaleiros do Apocalipse /
- pois aqui o Apocalipse é pior /
que o anunciado no livro das Revelações de João /
( que não deve ser de nenhum João /
ou de ninguém apelidado de João /
que João é ninguém /
e ninguém é João /
no país das maravilhas inversas /
sem rasto de Alice no mapa da ternura /
- porquanto aqui é onde não existe ninguém /

exceptuado o João-ninguém inato /
o típico papalvo e parlapatão /
o povo do canastrão e do bufão /
que galgou o poder ) /


Este o Brasil-truão /

tripartido em poderes de riso e lágrimas amaras /
- amaríssimas, Joaquim Maria Machado de Assis! /

A CAÇADA

o Tamburi florido, frutificando a terra que tomba aos pés do dia em gritos de pássaros e da adolescência perdida. A arma que carrego é o corpo, ácido, feroz , animal aborrecido que na espera olha cansado
a floresta densa.
O que busco?
As grades da solidão esticadas na rede?
Meu ultimo suspiro ou a hora fugas da morte?
Mas estalando como brisa
o dia perturba a vida.
Vai em tombos, tambores, pastoril, rocío, erva,
enchendo a mata de barulhos breves.
SILÊNCIO!
O animal esta na mira.
O tiro certeiro,
o fogo no cano,
a queda e o sangue quente escorrendo na memória,
na percepção ilusória da realidade
e nessa jornada involuntária pela terra.
Agora carrego o meu corpo no ombro como um herói épico.

Um comentário:

  1. De repente, tudo ficou vazio, como se tivessem roubado de nós a criança, o osvaldo, a ternura,/ De repente fiquei só no planeta, no dia. \tenho sede de justiça/ perdi grande parte da minha alegria/Quero ele de volta/ para casa/para a vida/para o sol e o dia/Quero .....

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