sexta-feira, 5 de junho de 2009

Auto - Retrato.


Nos dias da minha mãe
a rua era uma pista de corrida e a lua
brilhava, estacionada na abóbada da noite.
Enquanto rios, oceanos voavam nas fragatas,
eu em transe pintava na foligem do tempo.
Minha mãe cantava no quintal, lavando roupas
e as cores do pincel molhavam a crista do sol.
Amanheceu! Lenta manhã.
Pintassilgos, canarinhos chapinhas e bem-ti-vis
explodiam no ar carregando o calvário dos olhos.
Tão lindos!
Minha mãe, libélula dessa manhã cantava, no tempo,
dentro dessa alma mineira, sertaneja.
Cantava alegrando o corpo, a casa, os passárinhos.
Dias que se foram repletos de estrelas,
repletos de Ivans, de mães.
Dias em que o espaço eternizou-se nos neurônios
( uma gaiola de neutrôns ).
Prendeu-se nos fragmentos de particulas do cosmo.
Fez preencher buracos de protons no coração.
Contruidas, preenchidas no auto-retrato do meu édipo.
Hoje minha mãe não canta mais ( o vento levou os alegretos ).
Hoje estou no silêncio do passar da aurora.
O relógio derreteu-se nos dedos,
A ampulheta quebrou-se uivando no ar.
Milhões de matérias espalharam-se no findar
do corpo de baile.

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