quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

América.



Fósseis, cárceres e lume do país dos ossos. Vertendo o dia, voraz fachos de luz, cortando o azeite fino da América. Traço sinfônico das lágrimas, desfazendo-se em fímbria tonalidade, dos arquitetos, dos engenheiros, dos urubus. E na imobilidade da vida, o soar do sino da terra brasileira. Clamando por ti, por mim e pelos miseráveis. Cortejo de luto desmedido e o cheiro, esse cheiro veloz dos trópicos penetrando na imensidão dos ossos.
Sirene
Não é Irene
É pavlov ao longe
Ciscando a mente.
Não é Irene que passa faceira
Nos dias quentes das margaridas.
É a sirene dos escravos, dos homens máquinas.
Ecooa como trovão maltratando o tempo,
Repetidamente vooa pelos ares saturado de maritacas,
Mangueiras, fruta-do- conde, carambolas, mangabas, cajú.
Não é Irene que passa faceira nos dias quentes das mariposas
É a sirene dos infernos
Podando a liberdade, viciando os minutos
dispondo o corpo a tortura, a morte e a dor.
Não é Irene que passa faceira, nos dias quentes das papoulas.
Não! não é Mara, Ana, Marianna que esquentam a vida,
dá sentido aos objetos, a casa.
É um bicho sibilante corrompendo,
Moendo, tirando cada fragmento do corpo,
Despedaçando no horizonte a música, a arte.
Fazendo guerra, empoerando o ar,
Construindo cemitérios, relógios.
Enterrando lobos e ovelhas,
Na América dos ossos...
Depois
Dispõem as frutas,
Comem as frutas,
mastigam as folhas de coca.
Elas estão em Irene,
em Mara, no suco, na travessa,
no findar do dia.
Olhem os campos
são distantes e estão em Ana.
Olhem as florestas são proximas
e estão em Marianna.
Olhem as Horas estão lacáias
em lâminas.
Escutem os choros das crianças
elas estão em mim e nas pombas.
Não é Irene é pavlov ciscando a mente.

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